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Seriam os gays, lésbicas, travestis e transexuais astronautas extraterrestres?

Minha jornada de auto-especialização em medicina para a comunidade LGBT começou lá pelos idos de 1981, quando ouvi, pela primeira vez, a expressão “Câncer gay”, referindo-se a uma doença desconhecida e misteriosa que causava imunodeficiência, deixando o paciente exposto a todo tipo de infecções graves, e que estava ligado a uma maior incidência de um tipo raro de câncer.

A tal parte de “câncer” da expressão “Câncer gay” referia-se ao até então raríssimo sarcoma de Kaposi (uma doença sistêmica multifocal maligna, que tem origem no endotélio vascular e que tem uma evolução clínica muito variável. A manifestação mais freqüente desta doença é o aparecimento de lesões cutâneas, mas também pode haver envolvimento das mucosas, sistema linfático e vísceras, em particular dos pulmões e do tubo digestivo, tornando-se fatal).

De forma intrigante, quase todos os novos casos de pacientes sofrendo desta moléstia misteriosa e potencialmente fatal surgiam entre homossexuais com elevados índices de promiscuidade sexual.

Nos anos seguintes, enquanto a AIDS foi chamada de “câncer gay”, nos primeiros cinco anos da década de 80, quase nada foi feito, em termos de pesquisa e de saúde pública, para que a doença fosse controlada e eliminada da face da Terra, e não poucas vezes, como médico, ouvi de “gente de bem” (inclusive de dois colegas médicos...) pérolas do tipo “se essa doença bendita só mata essa gentalha degenerada, descobrir um tratamento pra quê?”. Foi preciso uma disparada monstruosa no número de casos de AIDS até o status de epidemia mundial, surgindo em executivos, industriais, artistas de cinema, hemofílicos, donas de casa e outras pessoas supostamente heterossexuais e não viciadas em drogas injetáveis (e, portanto, “gente como a gente”), na época sempre caracterizadas como “uma pobre vítima contaminada sabe-se Deus como”, para que o mundo da medicina e a opinião pública de fato acordassem.

E foi nessa ocasião, quando eu atuava como chefe de plantão de pronto-socorro, que atinei para o fato de que novas especialidades médicas estavam se espalhando como poeira ao vento (os primeiros profissionais da ultra-sonografia e da endoscopia surgiam por todos os lados), mas ninguém ainda havia criado uma especialidade médica para atender doenças mais comuns na comunidade LGBT, além da própria AIDS.

Transcorridos quase 30 anos, continua não existindo especialização médica alguma para a atenção diferenciada de pacientes LGBT, e nenhuma faculdade de medicina ou residência médica, em país algum (pelo menos até onde a Internet auxilia-me a obter novas informações), sequer interessou-se em criar uma especialização médica real nesta área.

Conseqüentemente, uma infinidade de transtornos físicos, emocionais e até espirituais mais freqüentes numa população de pessoas, sob todos os pontos de vista, predestinadas a uma existência tão significativa quanto socialmente injusta, seguem sendo bem tratados apenas quando o paciente tiver dinheiro suficiente para exigir de seus médicos que de fato se interessem e pesquisem soluções melhores para seus problemas específicos.

Apenas para citar alguns exemplos: sou um travesti e estou com um nódulo na mama esquerda, deveria procurar um ginecologista? Estaria ele de fato preparado para analisar meu caso, se minhas mamas não são as mesmas de uma mulher comum? E como as outras pacientes e as recepcionistas do consultório dele iriam me receber? E se o ginecologista, de cara, se recusar a me atender? Ou, se eu quero fazer uma cirurgia para definitivamente mudar de sexo, será que todos os cirurgiões plásticos estão preparados para esta cirurgia? Ou eu vou gastar o dinheiro da consulta apenas para me defrontar com um cirurgião de guerra egresso da Milícia Talibã, com mentalidade tacanha até para o século XIII, e que irá passar quarenta minutos me doutrinando a aceitar meu sexo, entender que meu problema é “psiquiátrico” e ainda me dar um cartão para marcar consulta com um psiquiatra primo dele, recém-chegado do Afeganistão após ser expulso do Talibã por ter sido considerado conservador demais?

Ou ainda, se sou um homossexual masculino e venho apresentando úlceras no ânus após o uso de um produto que deveria facilitar a dilatação do esfíncter anal durante a penetração de um punho (e não de um pênis), qual especialista irá me atender de forma respeitosa e competente? Um urologista? Um clínico? Qualquer proctologista serviria? Ou seria melhor um infectologista especialista em doenças sexualmente transmissíveis? Mas e se não for infecção?

Finalmente, se sou uma mulher totalmente feminina que aprecia essencialmente outras mulheres também totalmente femininas e não esconde isso de ninguém, e que se recusa a vestir uma carapuça social imposta que quer me obrigar a me “assumir” mostrando uma masculinidade estereotipada de cow-boy de propaganda de cigarro dos anos 60, e se sigo sendo discriminada e ridicularizada em meu ambiente de trabalho, com quem posso me abrir para suporte emocional? Um psiquiatra? Uma psicóloga? Uma socióloga? Um pastor evangélico? Um advogado? Ou um comentarista de futebol gago?

Acima de tudo, a questão médica que angustia a quase totalidade dos pacientes LGBT pode ser resumida na seguinte frase, tão complexa quanto angustiante:

“QUAL SERIA O ESPECIALISTA CAPAZ DE ENTENDER QUE NÃO SOFRO DE PERTURBAÇÃO MENTAL ALGUMA, NEM DE CONFLITO DE IDENTIDADE NENHUM, E SIM QUE PRECISO DE AJUDA MÉDICA DE QUALIDADE PARA SINTOMAS QUE PODEM ESTAR RELACIONADOS COM MEU ESTILO DE VIVER,
DE AMAR E DE TRANSAR?”.

E tal dúvida não se limita apenas na seleção de um profissional para atender aos problemas de saúde mais prevalentes, mas também na desesperada busca de ajuda profissional para que se consiga sobreviver perante o desgaste diário representado pelos esforços hercúleos exigidos de todos os membros da tribo LGBT, na luta contra o terrorismo incessante dos homofóbicos.

Crianças e adolescentes gays e lésbicas suicidam-se 3 vezes mais do que seus colegas de escola heterossexuais, e adolescentes travestis matam-se até 14 vezes mais, ao menos nos Estados Unidos, Canadá e Japão, que possuem estatísticas confiáveis. Tantas mortes infanto-juvenis absurdas seriam um mero acaso?

Ou uma conseqüência das interferências dos psicopatas politicamente corretos e socialmente endeusados como “guardiões da moral e dos bons costumes” de plantão, os mesmos que vem dando suporte incondicional ao jugo de ditadores e de senhores da guerra (George W. Bush que o diga...), ao longo da história?

Falo de um imenso exército de “gente bem” do qual faz parte, infelizmente, um incontável número de conselheiros familiares, advogados, médicos, psicólogos, sociólogos, delegados de polícia, padres, pastores e professores, sem mencionar a quase totalidade dos empregadores.

Uma esmagadora maioria dominante de criaturas para as quais só existe a vagina-mulher-emoção-maternidade-passividade, da “mulher-calcinha”, e o pênis-homem-racionalidade-paternidade-agressividade, do “homem-cueca”, que devem ser forçados a casar e a continuar copulando e procriando incessantemente, como se o mundo já não estivesse barbaramente superpovoado e a natureza quase extinta.

Se você não apenas se descobriu como diferente, mas também como um ser humano que não está, em absoluto, sendo levado a sério, respeitado e bem tratado, entre em contato. Seu caso me interessa profundamente. Amo os extraterrestres em geral, mesmo se nativos do Planeta Terra.

E-MAIL DE CONTATO: alfredo.med@uol.com.br










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